domingo, 7 de dezembro de 2008

god bless silent pain and happiness


Hoje vi Le temps qui reste, com o sempre belo Melvil Poupaud e a linda, reverberante e agora rouca Jeanne Moreau. E tenho que tomar cuidado pra não esquecer os detalhes. No tempo que me resta, pensarei em Romain e seus três meses de vida, olhos umedecidos de saudade antecipada.
Preciso escrever algo sobre o filme, mas não sei o quê. Fosse um filme qualquer, uma frase seria o bastante para traduzi-lo. Mas não. E não sei honestamente escrever imagens. Nesse momento, penso em Clarice e seus fecundos rodopios sobre a vida e a morte. Penso na expressão de Romain, ao devolver a bola azul para a criança na praia - azul de solidão - com um sorriso sincero de esperança, como que dizendo-lhe "eis a minha vida"; "e essa bola não é mais uma bola: sou eu". E, um pouco antes disso, seus pés cobertos de areia da praia. Que faço com essas imagens?
Na morte e no amor somos solitários e deles não fugimos. Agora fico com medo e ansiedade. Pois virão, melhor não pensar nisso agora; esperarei meus três meses. E crianças brincarão na praia com minha bola azul. Me dê a sua mão.

- Me dê a sua mão.
- Pode sentir o meu coração?
- Sim.
- Ele ainda bate.

2 comentários:

ana disse...

e quem escolhe esses três meses para a vida toda?

Bruna O. disse...

She turns and says "are you alright?"
I said "I must be fine because my heart's still beating."