terça-feira, 29 de junho de 2010

arpoador


Arpou a dor.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

morte e petite mort


Acordei com a notícia da morte do Saramago. Só li um livro dele, Ensaio Sobre a Cegueira, mas sinto como se conhecesse toda a sua obra. É um estranho sentimento de proximidade, empatia.
Há pouco passou na TV uma entrevista em que ele dizia não temer a morte, um tema recorrente em seus livros. Falou sobre a nossa dificuldade em falar sobre a morte, esquecemos dela e só lembramos que vamos morrer na velhice.
A cidade raramente nos estimula a pensar sobre a morte. Outdoors com pessoas simétricas de dentes brancos e olhos azuis oferecendo os mais variados produtos e ideais de felicidade expressam a estética dos corpos e a imposição de um desejo feliz.
Antes tudo isso fosse trocado por uma simples frase, em caixa alta, fonte de cor branca, fundo preto: você vai morrer.
Colocar a morte no centro da reflexão sobre a vida não é desejar a morte, ninguém (salvo raras exceções) ensaia para morrer. Acho que é uma forma de analisar o que estamos fazendo de nós mesmos. Saber morrer é ser fiel aos próprios desejos. Saber viver é atestar, com regozijo, tal fidelidade.
Ao mesmo tempo, pensar na morte é um mecanismo de desapego. Dos objetos que valorizamos, dos nossos hábitos, do nosso status e do nosso corpo.
Pensar na morte como um dos eventos mais importantes de nossas vidas é uma tentativa de encontro com nós mesmos (nós enquanto desejo) no infinito.

sábado, 27 de março de 2010

segunda-feira, 22 de março de 2010

cheiro de polônia

Hoje de manhã, não sei porque, nem de onde, senti um cheiro herbáceo misturado com cheiro de cigarro. Olor de árvore velha, de chá, verde-escuro, quase marrom. Pensei ser esse o cheiro da Polônia.
Ou evoquei alguma imagem de algum filme do Kieslowski, provavelmente o quinto do Decálogo, com aquela fotografia em tons de verde.
Apenas um palpite, talvez eu sinta o cheiro dessas imagens.

quarta-feira, 10 de março de 2010