quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

o passageiro


Trata-se não apenas de fuga, mas de (im)possibilidades. Profanar as linhas já sedimentadas. Identidade, dever, relacionamentos, espaço. E Antonioni profanou, de fato, com alguns planos geniais. Talvez um filme-símbolo da modernidade tardia, da fuga de si mesmo e da obsolescência dos espaços físico-institucionais. O que surge três décadas depois? O homem-celular, os caleidoscópios de subjetividades virtuais, os relacionamentos fugazes, os horizontes móveis de experimentações. Fragmentos passageiros, passageiros de fragmentos.

Agora, aqui, veja, é preciso correr o máximo que você puder para permanecer no mesmo lugar. Se você quiser ir a algum outro lugar, deve correr pelo menos duas vezes mais depressa do que isso!

Um comentário:

Bruna O. disse...

Foi meu primeiro Antonioni. Revi depois, claro, e consegui sentir toda a grandeza da obra. Ainda prefiro Blow Up, mas entrei numa crise The Passenger esses dias, querendo fugir.

"Frágil - você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar."


Fugir de mim?