sexta-feira, 18 de junho de 2010

morte e petite mort


Acordei com a notícia da morte do Saramago. Só li um livro dele, Ensaio Sobre a Cegueira, mas sinto como se conhecesse toda a sua obra. É um estranho sentimento de proximidade, empatia.
Há pouco passou na TV uma entrevista em que ele dizia não temer a morte, um tema recorrente em seus livros. Falou sobre a nossa dificuldade em falar sobre a morte, esquecemos dela e só lembramos que vamos morrer na velhice.
A cidade raramente nos estimula a pensar sobre a morte. Outdoors com pessoas simétricas de dentes brancos e olhos azuis oferecendo os mais variados produtos e ideais de felicidade expressam a estética dos corpos e a imposição de um desejo feliz.
Antes tudo isso fosse trocado por uma simples frase, em caixa alta, fonte de cor branca, fundo preto: você vai morrer.
Colocar a morte no centro da reflexão sobre a vida não é desejar a morte, ninguém (salvo raras exceções) ensaia para morrer. Acho que é uma forma de analisar o que estamos fazendo de nós mesmos. Saber morrer é ser fiel aos próprios desejos. Saber viver é atestar, com regozijo, tal fidelidade.
Ao mesmo tempo, pensar na morte é um mecanismo de desapego. Dos objetos que valorizamos, dos nossos hábitos, do nosso status e do nosso corpo.
Pensar na morte como um dos eventos mais importantes de nossas vidas é uma tentativa de encontro com nós mesmos (nós enquanto desejo) no infinito.

2 comentários:

p. disse...

"La petite mort, French for "the little death", is a metaphor for orgasm.

More widely, it can refer to the spiritual release that comes with orgasm, or a short period of melancholy or transcendence, as a result of the expenditure of the "life force". Literary critic Roland Barthes spoke of la petite mort as the chief objective of reading literature. He metaphorically used the concept to describe the feeling one should get when experiencing any great literature."

Emmanuelle Kant disse...

No nos da risa el amor cuando llega a lo más hondo de su viaje, a lo más alto de su vuelo: en lo más hondo, en lo más alto, nos arranca gemidos y quejidos, voces de dolor, aunque sea jubiloso dolor, lo que pensándolo bien nada tiene de raro, porque nacer es una alegría que duele. Pequeña muerte, llaman en Francia a la culminación del abrazo, que rompiéndonos nos junta y perdiéndonos nos encuentra y acabándonos nos empieza. Pequeña muerte, la llaman; pero grande, muy grande ha de ser, si matándonos nos nace.